irrequietam-se as feras nas tocas
o sangue nos olhos para o salto fatal
no silêncio da noite só o pulsar das veias
da presa inocente que caminha para a morte
o salto das feras rompe o vento
o grito da vítima faz tremer as árvores
e a própria terra treme ao rugido mortal
jorra o sangue e encharca o solo
canta o vento a vitória do mais forte
chora a matilha a derrota do líder
sobe ao mastro a bandeira de tíbias cruzadas
ronda os morros e as planícies
o grito dos que não tiveram sorte
pairam no ar o cheiro e o gosto da tragédia
no aqui e agora da luta perdida
há véus negros nos rostos deformados
e rios de sangue nos olhos dos poucos salvados
que agora sem líder fogem para o norte
plantarão novas bandeiras no caminho
pelos mortos sem tumba e devorados
que o choro aqueça cada passo na esperança
de que um dia sejam os dias renovados
4.6.2021
(Ilustração: Adolph Menzel - suits of armor, 1866)
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