25 de ago. de 2021

bandeiras da morte

 




irrequietam-se as feras nas tocas

o sangue nos olhos para o salto fatal

no silêncio da noite só o pulsar das veias

da presa inocente que caminha para a morte



o salto das feras rompe o vento

o grito da vítima faz tremer as árvores

e a própria terra treme ao rugido mortal

jorra o sangue e encharca o solo



canta o vento a vitória do mais forte

chora a matilha a derrota do líder

sobe ao mastro a bandeira de tíbias cruzadas

ronda os morros e as planícies

o grito dos que não tiveram sorte



pairam no ar o cheiro e o gosto da tragédia

no aqui e agora da luta perdida

há véus negros nos rostos deformados

e rios de sangue nos olhos dos poucos salvados

que agora sem líder fogem para o norte



plantarão novas bandeiras no caminho

pelos mortos sem tumba e devorados

que o choro aqueça cada passo na esperança

de que um dia sejam os dias renovados



4.6.2021

(Ilustração: Adolph Menzel - suits of armor, 1866)

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