o tempo de vida abriu as cortinas atrás das quais havia
espantos inauditos
de momentos mal vividos
de momentos bem sofridos
no entreato de fantasmagóricas visões
o pisado tempo de perdidas ilusões
no despertar de sonhos represados
amores eternos que se dissiparam na névoa
beijos trocados que resistiram à tempestade
abraços perdidos em estradas não percorridas
olhares de ternura no meio das neblinas densas
e só o que resta a se entrever
através da janela de cortinas abertas
é o sonho inefável de que novas descobertas
acendam o fogo de um vulcão extinto
e seja no desamparo da noite um grito perdido
a esperança de uma vida que só tem sentido
quando expilo de mim tudo o que sinto
18.6.2021
(Ilustração: Andrea Kowch - 1986)
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