3 de out. de 2021

cortinas do passado

 




o tempo de vida abriu as cortinas atrás das quais havia

espantos inauditos

de momentos mal vividos

de momentos bem sofridos



no entreato de fantasmagóricas visões

o pisado tempo de perdidas ilusões

no despertar de sonhos represados



amores eternos que se dissiparam na névoa

beijos trocados que resistiram à tempestade

abraços perdidos em estradas não percorridas

olhares de ternura no meio das neblinas densas



e só o que resta a se entrever

através da janela de cortinas abertas

é o sonho inefável de que novas descobertas

acendam o fogo de um vulcão extinto



e seja no desamparo da noite um grito perdido

a esperança de uma vida que só tem sentido

quando expilo de mim tudo o que sinto



18.6.2021

(Ilustração: Andrea Kowch - 1986)

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