refletidos nos vários espelhos
os corpos contorcem-se
em meneios e floreios
cipoados em lianas e ventosas os amantes
esplendem e explodem
na correnteza dos rios
encachoeirados
que descem a montanha
pedras e troncos se misturam em redemoinhos
os olhos
inúteis remansos
logo engolidos pelo turbilhão de águas e ventos de fogo
os amantes
destroem-se a si mesmos
na antropofagia de se comerem
como peixes elétricos nos raios de luz
nos retorcidos troncos
pernas e seios e coxas e ventres em tempestades
até que o rio nebuloso engula
enfim
o espasmo final dos amantes
os corpos
em mil estilhaços dos espelhos partidos
em mil pedaços no espasmo
da pequena morte
os corpos
em delírios refletidos
contorcidos
exaustos da tempestade
perdidos
em si mesmos
em seus próprios cipoais
de amor
e tédio
26.3.2021
(Ilustração: Alona Kovalska - orgasm time - 2018)
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