pitagórico faço minhas trilhas pelas hipotenusas
sem me preocupar com metempsicoses
corro o mundo como os andarilhos
e o mundo todo está dentro de mim
não caibo no estreito de duas tangentes
nem me dependuro em ângulos isósceles
faço da curva do arco o espaço de sonho
componho versos sem cesuras e sem estro
no fundo do universo o buraco negro
suga as forças de meu longo transbordamento
deixo para os geômetras a medida do tempo
e para os poetas a garantia da eternidade
21.20.2020
(Ilustração: Johannes Vermeer de Delft: the astronomer-1688)
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