22 de jan. de 2022

geômetra

 






pitagórico faço minhas trilhas pelas hipotenusas

sem me preocupar com metempsicoses

corro o mundo como os andarilhos

e o mundo todo está dentro de mim

não caibo no estreito de duas tangentes

nem me dependuro em ângulos isósceles

faço da curva do arco o espaço de sonho

componho versos sem cesuras e sem estro

no fundo do universo o buraco negro

suga as forças de meu longo transbordamento

deixo para os geômetras a medida do tempo

e para os poetas a garantia da eternidade



21.20.2020

(Ilustração: Johannes Vermeer de Delft: the astronomer-1688)

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