venho parindo poemas pela vida afora
- mãe zelosa de suas crias –
não jogo nada fora muito embora
possam ser julgados – muitos deles –
como filhos bastardos e eu – puta –
agasalho todos eles
e prossigo como pai na mesma luta
- andrógino poeta –
que não se importa
de não ser esteta
de ter às vezes a esperança torta
na bondade alheia
de aceitar como bela criança
aquela que nasce um pouco feia
se pari tantos garotos-garotas-poemas
corujo-os e corujo-as assim – negros ou pardos
loiros ou cafuzos – rio e choro com seus problemas
descubro brilhos de estrelas em seus olhos tardos
quando a fórceps nascem de minha mente
se os pari é porque tenho o privilégio da criatividade
ainda que sopre o vento e não traga a semente
que lhes adorne o estro com alguma verdade
3.7.2021
(Ilustração: Samuel F.B. Morse - Gallery of the Louvre, 1831–1833)
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