guardei dentro de mim os sons melancólicos do cair da tarde
guardei-os todos dentro de mim
mas era para ti que os guardara – minha amada de noites perdidas –
era para ti os sons todos que havia dentro de mim
sons melancólicos que ouvia
quando a tarde caía
quando a noite apenas no horizonte mostrava a sua face estrelada
e quando eu te encontrasse – minha amada de tempos a serem vividos –
seria para ti que eu traduziria
em versos melancólicos de pura poesia
aquela estranha melodia
de quando a tarde pouco a pouco me cobria
de doces lembranças de um tempo que não vivia
de um tempo guardado apenas para ti
aquele tempo de sons que não entendia
o bater suave da asa da coruja e o grito mais triste do bem-te-vi
os sons de passos compassados de sombras que não sabia
se eram as sombras do meu futuro contigo – minha amada de noites indizíveis –
um futuro que nunca em tempo algum chegaria
porque era apenas o murmúrio na minha mente de sons melancólicos
na minha mente a triste melodia da tarde que morria
como morreste também um dia
sem que eu pudesse ao menos te dizer que era tudo aquilo
- aqueles sons – aqueles sonhos – aquela melancolia –
era tudo aquilo – meu amor dos tempos não vividos – a minha fantasia
20.4.2021
(Ilustração: Edvard Munch: Melancholy, 1894)
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