26 de mar. de 2022

melodia melancólica

 



guardei dentro de mim os sons melancólicos do cair da tarde

guardei-os todos dentro de mim

mas era para ti que os guardara – minha amada de noites perdidas –

era para ti os sons todos que havia dentro de mim

sons melancólicos que ouvia

quando a tarde caía

quando a noite apenas no horizonte mostrava a sua face estrelada

e quando eu te encontrasse – minha amada de tempos a serem vividos –

seria para ti que eu traduziria

em versos melancólicos de pura poesia

aquela estranha melodia

de quando a tarde pouco a pouco me cobria

de doces lembranças de um tempo que não vivia

de um tempo guardado apenas para ti

aquele tempo de sons que não entendia

o bater suave da asa da coruja e o grito mais triste do bem-te-vi

os sons de passos compassados de sombras que não sabia

se eram as sombras do meu futuro contigo – minha amada de noites indizíveis –

um futuro que nunca em tempo algum chegaria

porque era apenas o murmúrio na minha mente de sons melancólicos

na minha mente a triste melodia da tarde que morria

como morreste também um dia

sem que eu pudesse ao menos te dizer que era tudo aquilo

- aqueles sons – aqueles sonhos – aquela melancolia –

era tudo aquilo – meu amor dos tempos não vividos – a minha fantasia





20.4.2021

(Ilustração: Edvard Munch: Melancholy, 1894) 

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