minha cabeça é como um cofre
onde guardo os mistérios de minha vida
desde o sentimento mais nobre
até a dor da mais funda ferida
encontram-se nos meandros do meu cérebro segredos
até de mim mesmo esquecidos
memórias inatingíveis e todos aqueles medos
que os tenho há muito como perdidos
às vezes em sonhos ou mesmo acordado
em faíscas as lembranças aparecem de repente
como miasmas de um cemitério abandonado
para assustar-me no meio de uma noite quente
mas logo que tento me lembrar do que houve
apenas o vazio me contempla do abismo
então me sinto um vegetal – um pé de couve
abandonado no centro de um cismo
sou dentro de mim refém de estranhos sentimentos
à espera de faíscas ou mesmo de pequenas luzes
que iluminem os vividos e esquecidos momentos
que jazem dentro de minha cabeça marcados por estranhas cruzes
29.1.2022
(Ilustração: Eric Lacombe - dark abstract portraits)
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