num dia qualquer de janeiro de dois mil e vinte e três
na cidade de memphis do grande irmão do norte
encontraram-se na noite seis negros – sim eram seis
cinco deles tinham a alma branca e nos olhos a morte
policiais uniformizados com vestes de brancos supremacistas
mas não eram esses pretos de forma alguma racistas
apenas tinham a alma branca muito branca – branca como a neve
e nesse encontro muito breve
bateram muito no outro negro cuja alma era a alma comum
de todo negro e de todo branco que vive nesta terra
eram cinco fardados pretos de alma branca contra um
e os cinco pretos de alma branca não eram racistas
eram pretos que tinham a alma branca – e a essa alma branca se aferra
cada preto ou branco que acha que alma tem cor
não eram racistas os cinco pretos de alma da cor da neve
tinham apenas a insígnia do poder dos brancos e do poder
de bater com ardor – de bater ainda mais com mais ardor
no preto cuja alma não era branca nem preta nem de outra cor
e então a justiça do branco naquele encontro se fez
pela mão preta de pretos de almas brancas
e as mãos pretas mataram pelo branco mais uma vez
30.1.2023
(Ilustração: Johnalynn Holanda - no "The Washington Post")
(Você pode ouvir este poema, na voz do autor, neste link de podcast:
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