às vezes a angústia
de não ter sido o que não fui
às vezes a angústia
de não deixar rastros depois que me for
às vezes a angústia
de que o nada ao nada vai me levar
como uma ponte para lugar algum
tudo isso é a vida ainda a palpitar
talvez cada dia mais devagar
no entanto sigo
no entanto vivo
no entanto persigo
sonhos inacabados
rastros atrás deixados
sonhos para o futuro mal vislumbrados
meu tempo caiu como a folha morta
e o vento deixou minha vida torta
passos do passado ou visões do futuro
são apenas o ensejo do momento
sou o retrato de meu desalento
mas ainda sonho – ainda perduro
20.11.2021 (São Vicente/SP)
(Ilustração: escultura de Francesco Queirolo - desilução ou liberação da decepção;
foto da internet, sem indicação de autoria)
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