quero escrever sobre tantas coisas presas em meu peito
os desatinos que povoaram como cardumes de sardinhas no
oceano
cada dobra dos lençóis envelhecidos de nosso leito
detalhes de beijos e abraços que percorreram ano a ano
a trajetória de nossas vidas unidas e repetidas
entre a monotonia de tantos dias sempre tão iguais
e a paixão que explodia às vezes em nossos espantos
quando repetíamos gestos ancestrais
da ferocidade animal que se escondia por todos os cantos
de nossos corpos em renovados pretensos esponsais
a uivar por toda a noite unidos um ao outro como animais
5.5.2021
(Ilustração: Hans Bellmer)
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