da criança o tempo tem
o giro rápido da dança da pipa no ar
do adolescente o tempo tem
o breve roçar de um beijo da amada
do adulto o tempo tem
a roda do moinho na correnteza
do velho o tempo tem
o surgir da lua por detrás da montanha
a pipa gira e de repente se desprende
do fim da linha ao sabor do vento da manhã
o beijo arrepia ao sopro da madrugada
leva-o para longe a chuva do verão
o giro da vida espreme os ossos
com a competência da queda d’água
já o velho olha o tempo e ele está lá
como tarde de primavera e canto de sabiá
e um dia – cadê o tempo – não mais há
1.8.2021
(Ilustração: Andrea Kowch)
Maravilhoso poema, sobre o tempo
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