4 de out. de 2024

idiossincrasias

 




deixem-me a mim

com minhas idiossincrasias



deixem-me a mim

com minhas pequenas manias



pois só vivendo assim

cheio de algumas idiotias

é que consigo ter tempo

para as minhas poesias

antes que venha o vento

que desafia os dias

e traga o total desalento



minha insistente e renitente reclusão

não é nunca solidão

é apenas uma rima pobre

de alguém que com ela não sofre



se até hoje comigo não me desavim

não quero com ninguém encrencar

peço a todos paciência

ao meu agora mais lento desenrolar



se meu cérebro já não guarda tanta ciência

deixem-me a mim

o ato de meus versos declamar

pois só tenho agora a minha voz

para desatar todos os nós

da pouca vida que me resta



se vocês acham que não presta

a triste poesia que em meus versos destilo

saibam que com eles é que eu resisto

e reafirmo sempre - mesmo sem estilo -

que viver e sobreviver para mim é isto:



a pluma de um verso livre no final de um poema





30.9.2024

(Ilustração: Tristan Corbière - auto caricatura)


Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, ISAIAS EDSON SIDNEY, nestes endereços:

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