3 de jun. de 2011

novos poemas do cotidiano - 2

(Alfred Kubin)


Que estranho amor




Que estranho amor
é esse?
Amor que mais cresce
quanto mais sofre?

Que não estranha
quando
em fogo brando
mais se torce
de agonia
o pobre coração?

Que nunca apaga
a chama
e quanto mais ama
mais aberta a chaga
expõe a paixão?

Que nunca briga
e ressente
quando a intriga
só desmente
tudo quanto abriga
da paixão?

Que estranho amor!
Deixa-me assim
prostrado em dor
sofrendo em mim
o que em mim ressente
e paga apenas o horror
de ver um dia
o que nunca devia:
explodir em flor
o pobre coração!

10/6/97

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