(Foto s/indicação de autoria)
vem o vento
convida as folhas secas
a dançar a velha valsa de inverno
vem o vento
rodopia o redemoinho em rolos
de pó
folhas
e flores
mortas
num bolero de dois pra lá
dois pra cá
vem o vento
ruge soturno lá embaixo e sobe
pelo tronco das paineiras
lambe os muros
bate as folhas abertas
das janelas assustadas
num samba em ritmo de castanhola
a bateria de instrumentos
do pandeiro à cuíca
roncos
gemidos
batidos
mãos
pés
vozes
dança feroz
abacateiros enregelados
mestres-salas desajeitados
vai o vento como a vida
tudo por ele passa
em passo de passo doble
de repente acaba assim
depois de tudo
e o silêncio desce
soturno
ao fundo
dos vales mortos
26.6.2016
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