9 de nov. de 2019

escombros





medo pânico de meus escombros

os restos do naufrágio em praias desertas

no arrojo das ondas os sonhos flutuam

desolados ao sol e às marés bravias

nas águas turvas da vida sem saída

velas destroçadas batendo nas cavernas

os arroubos em queda livre rumo ao fundo

medo pânico dos meus escombros

a ferir-me os brios de capitão sem mar

não há mais oceanos nem estrelas guia

não há mais rotas ou mapas de navegação

apenas escombros e desejos descarnados

o comandante afogado nas ondas revoltas

vertidas dos seus próprios olhos sem brilho





16.10.2019

(Ilustração: Amadeo de Souza Cardoso) 

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