trança teus cabelos como cipós
e amarra meus desejos
no ritual do fogo e da carne
deixa que eu queime minha língua
nas labaredas dos bicos dos teus seios
trança tuas tranças em meu pescoço
que minha língua penda como a de um enforcado
e ganhe vida entre tuas coxas
para lamber cada chama do teu ventre
até que jorre tua fonte
trança teus pelos da boceta
como cordas de uma harpa
que o vento tange no amanhecer vazio
senta o teu ventre sobre o meu ventre
dobra tuas pernas ao longo das minhas
cavalga teus sonhos – não os meus
sê valquíria e diana e puta
esquece teu tempo e teus projetos
canta a canção do engasgo
desperta a pomba no seu ninho
espanta os morcegos da caverna
estremece teu corpo de fogo
sobre as dobras despertas
do meu desejo
tenta
tenta desafiar as forças do vento
despeja teus fluidos na minha garganta
canta – canta – canta
a performance do tempo de desejos inauditos
bebe – bebe – bebe
a espuma do resto dos meus tremores
tatua na pele do meu prepúcio
o préstimo de todas as tuas viagens
alcança os meus olhos com teus olhos
inflama com o fogo dos teus seios
todos os meus antigos anseios naufragados
deixa que eu marque em teu umbigo
a data de um tempo que nunca existiu
sê meu anjo na derrota da carne
sê meu demônio no apogeu do meu orgasmo
amplia teu tempo de poderes
na angústia dos parcos poderes de meu pênis
entrega tua língua ao fogo que brota
de raízes mais profundas do que o tempo
sê tu a minha escrava assim como
escravizado estou aos teus delírios
trança tuas tranças com tuas mãos de sangue
e deixa-me enfim descansar a teus pés
do fogo do teu ritual totalmente exangue
7.7.2020
(Ilustração: Raffaele Marinetti)
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