enlua-se a flauta - lento o violino
a viola levita ao leve roçar de címbalos
lancina o violoncelo o luto
ressoam madeiras e trompas
nas trompas o âmago
orquestra-se a noite
e lança sua sinfonia
vagas estrelas de órion
fulgem fugidias aos olhos
que olham vazios de íris
pirilampos enlouquecidos
iluminam como luzes veladas
os passos insepultos
fantasmas em saias rodadas de miasmas
dançam ao som de flautas enluaradas
no mistério de sinfonias e sonatas
no alto a lua apenas as penas reflete
nos olhos vidrados das amadas
os acordes de tristes serenatas
por todas as mulheres assassinadas
22.11.2020
(Ilustração: Artemisia Gentileschi)