que brilhe a estrela da manhã
que brilhe a lâmina do punhal
que entre em teu ventre o sal
que dobrem os sinos à febre terçã
sobre o teu rosto o meu rosto desabe
sobre os teus seios o mundo acabe
nasçam flores nas pedras da tarde
pequem as damas sobre lençóis de cetim
confessem as virgens o desejo que arde
entre tuas pernas escorra para mim
as lágrimas de poços e descidas sem fim
que puxem os demônios o grosso sarilho
salve-se a ladainha no canto das beatas
dos teus gemidos renasça o nosso filho
no brilho de estrelas e salvas de pratas
marque o teu passo lento na areia
a solidão que o tempo em mim semeia
1.7.2020
(Ilustração: Alméry Lobel-Riche:1877-1950, Les Luxures, 1929)
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