26 de abr. de 2021

trenzinho mineiro





 (Lavras/MG: 1922, foto do acervo de Renato Libeck)



bufa o trenzinho mineiro

na estação encantada

bufa e sai

no seu lento devagar

puxa puxa maria-fumaça

puxa puxa o trenzinho

apita maquinista apita

apita na curva para avisar

que lá vem o trenzinho a folgar

solta faísca maria-fumaça

solta faísca pelo ar

sobe sobe sobe a serra

sobe a serra do luar

na bitola estreita lá vai

lá vai o trenzinho mineiro

serpenteia sem parar

sobe serra

desce serra

lá vai o trenzinho rumo ao mar

mas seu destino – ó trenzinho

será sempre o luar

vai o trenzinho a colear

nos trilhos lisos a faiscar

sobe serra

desce serra

o trenzinho das gerais

os três picos no horizonte

os três picos ao luar

passa ponte

passa morro

seu destino é o luar

noite triste de céu e mar

não tem mar não

ó trenzinho das gerais

lá na serra do luar

só fumaça e o resfolgar

pelos trilhos a brilhar

pela noite de luar

sobe morro

desce morro

vai o trenzinho devagar

no seu velho caminhar

apita na curva seu maquinista

bota fogo na fornalha seu foguista

coleia o trem mineiro

coleia todo faceiro

pela noite de luar

sobe serra sem destino

leva o sonho do futuro

no olho aceso do menino



14.2.2021

  (Você poderá ouvir esse texto na voz do autor, no podcast indicado ao lado)


 

Um comentário:

  1. Adorei. Poderia ler no Sarau dia 29 agora próxima quinta-feira? Esse trenzinho é de Lavras. Eu andei na Maria Fumaça que ia de Tiradentes a SJoaodelRey

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