procrastinados os encontros
amordaçados os desejos
soltas apenas as asas da desesperança
aos prantos nossos olhos secos e vazios
a vagar pelas solidões de noites sem estrelas
hades perambula pelas ruas
traz para a terra seus infernos
o nojo em sacos pretos na hora do desespero
não nos dá a trégua de lágrimas e adeuses
despem seus atavios todos os que ainda respiram
presos às alvuras assépticas de quartos pulsantes
de uma rosa vermelha fendida ao meio
pinga e escorre o pretenso soro da vida
procrastinados também os desencontros
no brilho sem jaça de olhos que se desabrigam
nos esconsos de desejos inalcançáveis
batem no muro as nossas lamentações
- bumerangues que nos açoitam e adiam
para sempre qualquer olhar de esperança
19.3.2021
(Ilustração: Edward Hopper - solidão)
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