quando chove dentro de mim
encharcam-se as memórias
brotam fontes de novas mágoas
florescem angústias embotadas
quando chove dentro de mim
correntezas de maus pensamentos
afloram dos charcos para as trilhas
e todas as palavras umedecem
como lírios em busca da vida
quando chove dentro de mim
dos morros deslizam pedras da saudade
entopem-se as estradas do racionalismo
e choro o choro de chorões encharcados
a rolar pelas cheias de planícies sem fim
quando chove dentro de mim
12.12.2020
(Ilustração: Vincent Van Gogh - Landschaft bei Auvers im Regen)
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