molho o bico da pena com que escrevo este poema
no sangue que escorre dos meus olhos
porra! que merda é essa – poeta?
você escreve no computador
na tela de uma porra de um computador!
e vem agora com esse papo furado
de sangue e pena e olhos?
idiota que sou ou que és – penso
não entendes de metáforas
nem de sentimentos e vens me dar esporro?
não – não entendo de sangue dos olhos
a não ser quando vejo luta de boxe
oh almas penadas de lençóis esbranquiçados
pelejais no limbo do baixo ventre
oh poetas de bobagens românticas
descei dos nefelibatismos agônicos
de instintos vampíricos e sem sentido
repito meu sangue no olho
repito minha pena assustada
e vou ao limbo dos vampiros da noite
e viajo com schumann como um louco
e sou eu – eu apenas e mais ninguém
seu último romântico a chorar dentro da noite
quando ouço com meus ouvidos moucos
seu desconcerto sentimental
26.6.2021
(Ilustração: Adolph Menzel)
Você pode ouvir este poema, na voz do autor, neste endereço de podcast:
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