não sou [infelizmente] o último romântico
mas gostaria de sê-lo
- que fossem meus arroubos o túmulo
de todas as paixões
que fossem meus versos
os últimos suspiros de todos os loucos
que fossem meus poemas
a última gota de fel no ouvir estrelas
e que se colocassem para sempre
a tampa fatal no túmulo
do último suspiro de amor
e o romantismo
[expurgado do mundo como o pássaro dodô]
deixasse apenas algumas poucas penas
na página em branco
de poemas que jamais serão outra vez
escritos
e para as amadas preguiçosas
que transitam entre poeiras de estrelas
e aviões a jato
pisando os corações solitários
com bits e bytes de desprezo estelar
reste apenas o teclado sem letras
de um computador sem memória
2.1.2021
(Ilustração: Vincent Desiderio)
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