25 de out. de 2022

hypnos

 


meu amado estirado cansado ao longo da cama negra um rio calmo dentro da noite e ele ressona a cabeça pendida um pouco para a direita a vasta cabeleira dourada em desalinho o peito quase não se vê subir e descer pela respiração pausada o pênis murcho tocha apagada entre as pernas estou só profundamente só depois do coito e olho o amado ressonando ao longo da cama o vento balança as cortinas negras dentro da noite negra e a minha carne ainda está quente está quente e não está satisfeita a minha carne ela quer mais eu toco o pênis do amado ali descansando entre as pernas entre as penas mal se vê a glande eu toco de leve aquele galo quieto e aquietado no meio da noite a minha mão está fria meu corpo está quente e quando o toco o pênis se retrai mais um pouco mas o amado não acorda é belo o meu amado belo como a palmeira ao sol num céu sem nuvens eu o quero eu o desejo minha carne treme a paixão sobe da minha vagina para o meu peito meus seios intumescem e eu ardo na fogueira que vem de dentro de dentro e me queima e eu quero aquele pau bem duro dentro de mim dilacerando minhas carnes é muito belo o pau do meu amado quando mastro em mar de escolhos abria entre meus velames o caminho do orgasmo eu quero só para mim toda a sua beleza toda a sua carnação encarnada a preencher em mim todos os meus vazios eu o quero o belo pau desse amado armado e navegando entre as minhas entranhas a língua a correr por todos seus poros e a sugar sua seiva o meu amado voa pelo rio sem fim não acorda não acordará e seu desejo é apenas um lago perdido na montanha de gelo e silêncio e eu derreto profundamente só em meus rios de muco e sangue e eu sou aquela que ele amou pela última vez



30.5.2022


(Ilustraçao: Bronze head of Hypnos (god of sleep), 1st - 2nd century AD, copy of a Hellenistic original, found at Civitella d'Arno (near Perugia, Italy), British Museum, London)

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