1 de out. de 2022

perenidade

 




mentem-se os adeuses na esperança da volta

assim o amor se alimenta de saudades estranhas

e desejos antigos



mesmo no exílio e abandono

que se mintam sempre os adeuses

aos amantes sem futuro e sem pejo

que esperem sempre o retorno

do passado no passo do presente



se fosse o amor asas de vento e leveza

pássaro de arribação no voo migratório

para o esquecimento de nossos desejos

perderia as asas abatidas pela indiferença

renasceria da pedra ou do pó das trilhas

e se tornaria planta em pousos amenos

na eterna busca de sua perenidade




24.4.2022

(Ilustração: Cícero Dias - a difícil partida)

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