a semente tirada do barro
deixa um rastro de sangue
essa mãe em sombra esmaecida
escolhas envoltas em sopros de dor
importa a vida a viver ou importa a vida vivida
escolhas
na escória da mente o pecado
essa mãe renunciada no espelho esfuma-se
escolhas
escolha-se o escambo
que não se reconhece no espelho
o choro
a chuva de sangue
o sangue na chuva esmaece
no esgoto a semente não cresce
escolhas
essa mãe no canto escuro da vida
a vida que não reconhece o escambo
no berço esfumado o choro engolido
na garganta o gosto de fel
a vida que não escolhe
quem por ela não escolheu
enrodilha-se - a vida - como semente
no esgoto lançada sem escolha
na greta do cimento – um broto verde
e o olho que olha sem ver
escolhas
e essa mãe que sofre e chora em sua solidão
quietamente
mudamente
só
15.3.2021
(Ilustração: Georges De La Tour)
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