o medo da vida
que vá embora de mim
o medo da morte
que vão embora de mim
o assombro do ódio
e o furibundo espectro da vingança
que vão embora de mim
o desejo de que se exploda o mundo
e o desejo de que morram meus inimigos
mesmo que seus espectros me assombrem
que vá embora de mim
o que nunca em mim esteve
- a inveja que corrói o invejoso
- o ciúme que enegrece a vida
se não os tenho que se vão
para longe de mim
os invejosos e os ciumentos
que não me atormentem
nem me alimentem
que os não quero nem de ouro cobertos
que vá embora de mim
o desgosto da vida
que vá embora de mim
a tristeza que de vez em quando
rodeia meus sentidos e me joga no chão
que vá embora de mim
essa ânsia de conquistar um amor
como se fosse o amor o elixir da vida
que me deixe em paz o amor
que não coma do meu prato
que não durma em minha cama
que não rabisque o livro que estou lendo
que vá embora de mim
o amor que não me quer
só esse o meu desejo agora
quando da vida só espero
o sossego de folha caindo durante o outono
antes que a seque o rigor do inverno
9.9.2021
(Ilustração: Edward Okun - Four Strings of the Violin, 1914)
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