25 de set. de 2023

vida soturna

 




soturna a minha poesia

soturna a pandemia

de proibidos abraços

e qualquer convivência



o mundo para de repente

a vida de repente num beco



soturnos à noite os passos

de viajantes embuçados

a bater às portas trancadas

a abrir de repente os braços

num convite para o nada



não há gemidos nem cortejos

apenas o espanto e a suspensão

de todos os nossos desejos



20.9.2020

(Ilustração: Tyrone Wright)



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