soturna a minha poesia
soturna a pandemia
de proibidos abraços
e qualquer convivência
o mundo para de repente
a vida de repente num beco
soturnos à noite os passos
de viajantes embuçados
a bater às portas trancadas
a abrir de repente os braços
num convite para o nada
não há gemidos nem cortejos
apenas o espanto e a suspensão
de todos os nossos desejos
20.9.2020
(Ilustração: Tyrone Wright)
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