8.
uma cidade
dos longes idos de minha infância em transe recordo
um maço vazio de cigarros num canto de rua:
minaretes e torres traziam oásis de sonho
de uma cidade encantada,
ah! ali onde
aladim e o mágico da lâmpada se estranham
em escuras cavernas escondidas na rocha,
bem ali, onde,
contra as nuvens um tapete arremete,
e esquece sherazade sua última história,
sim, ali, cidade encantada, onde,
no ar, sibila uma adaga,
no templo, um canto se alonga,
na feira, entre gritos e véus o espanto
de dois olhos de safira refletem
outra safira a brilhar,
na esquina furtiva, um beijo deixa-se roubar,
no palácio encantado, entrega-se uma virgem a chorar,
eunucos felizes no harém a vigiar,
e do canto da rua inocente
um maço de cigarros de marca
Bagdá,
um maço vazio de cigarros de marca
Bagdá,
enchem de sonhos os meus olhos
de Bagdá,
e chora mansinho meu coração
de Bagdá,
quando em silêncio da televisão
de Bagdá
o primeiro míssil detona atrás do minarete
do maço vazio de cigarros da marca
Bagdá.
uma cidade
dos longes idos de minha infância em transe recordo
um maço vazio de cigarros num canto de rua:
minaretes e torres traziam oásis de sonho
de uma cidade encantada,
ah! ali onde
aladim e o mágico da lâmpada se estranham
em escuras cavernas escondidas na rocha,
bem ali, onde,
contra as nuvens um tapete arremete,
e esquece sherazade sua última história,
sim, ali, cidade encantada, onde,
no ar, sibila uma adaga,
no templo, um canto se alonga,
na feira, entre gritos e véus o espanto
de dois olhos de safira refletem
outra safira a brilhar,
na esquina furtiva, um beijo deixa-se roubar,
no palácio encantado, entrega-se uma virgem a chorar,
eunucos felizes no harém a vigiar,
e do canto da rua inocente
um maço de cigarros de marca
Bagdá,
um maço vazio de cigarros de marca
Bagdá,
enchem de sonhos os meus olhos
de Bagdá,
e chora mansinho meu coração
de Bagdá,
quando em silêncio da televisão
de Bagdá
o primeiro míssil detona atrás do minarete
do maço vazio de cigarros da marca
Bagdá.
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