todas as palavras já foram ditas
todos os gestos já foram esboçados
contenha no peito o soluço
e congele no ar o gesto
- seja ele qual for – de condescendência
ou de condenação
será inútil o pranto que vertermos
há noites de lua e noites de breu
vivemos agora o nosso ocaso
não deixe que tudo se perca
por uma palavra que não podia ser dita
por um gesto que não estava programado
o tempo aos desgostos dá novos contornos
e faz nascer perspectivas inusitadas
de brigas antigas e desafeições inúteis
guarde, guarde, enfim, seus gestos
sufoque, sufoque, enfim, suas palavras
o silêncio e a quietude devem permear
nossos últimos momentos juntos
sem adeuses, sem lágrimas, sem futuros
terça-feira, 20 de fevereiro de 2001
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