(Jeff Faerber)
percorro trilhas de mato
nas curvas de teu corpo
reencontro cheiros
de eu menino
da chuva que
num repente de verão
pinga barro em minha língua
da grama pisada
do susto da murcha-cadela
que se fecha envergonhada
do sebo de boi na bola
de capotão das peladas
em tardes esticadas
da jabuticabeira
que em dia de noiva
promete prazeres
dos sumos mais doces
do jambo caído do bico
do sabiá
que à boca perfuma
com o cheiro de terra
do lento amorenamento
dos grãos de café
na torradeira que gira
na trempe de ferro
sobre as chamas da lenha
do velho fogão
da serragem miúda a cair
da madeira ferida
por dentes brilhosos
da serra assombrada
cheiros de flores
cheiros de frutos
cheiros de teu corpo
corpo que é terra
corpo que é fruto
corpo que é flor
que tem o aroma
que me alucina
dentre todos
na trilha de cheiros
que trilho em teu corpo
trilha leva
a língua à flor
- ou é fruta?
ao cheiro que me enlouquece
o cheiro que sinto
de tua boceta
o cheiro
da manga madura
7.5.2012
12.5.2012
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21.9.2017