17 de out. de 2017

não temas




(Francisco de Goya - las brujas)




não temas as sombras da noite

as almas penadas gemendo em fundos jazigos

não temas os passos perdidos

de caminheiros solitários à luz da lua

o silêncio traz apenas o aguçar dos sentidos

nunca o tiro que alucina

ou o brilho do aço no peito desprotegido



se o vento e apenas o vento varre a rua

estão em paz os corações dos homens



não temas a noite e seus seres solitários

a esperança e o desespero não se irmanam

quando o espaço entre o teu medo e teus olhos

abrem abismos nos teus sonhos e pesadelos

contempla a treva do teu próprio desespero

cultiva o desvario das estrelas insondáveis

enquanto ainda correm sangue e húmus em tuas veias



22.9.2017



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