21 de out. de 2017

libidinagem



(Jeff Faerber (American) figure study)





ouvi no rádio

vi na televisão

veio mensagem no computador

hugh hefner o homem que inventou as coelhinhas

morrera

parei a punheta que batia e fiquei um minuto em silêncio

depois

continuei pensando em marilyn monroe



você meu amor pensa que trepamos e fazemos amor

só naquele quarto de hotel no centro da cidade

engana-se

trepo e faço amor com você todos os dias

no meu quarto

no meu banheiro

quando derramo o sêmen que era seu

que é seu

na cascata de uma descarga impoluta



vejo a moça nua no computador

e faço amor com ela de vez em quando

pensando coisas que jamais faria com qualquer outra

porque naquele momento ela é inteiramente minha

e não tem qualquer outra vontade senão a de dar

de dar para mim do jeito que eu quiser



dispo a menina que vejo na rua passando distraída

sem saber que naquele momento é comida

não só pelo meu olhar matreiro e sem vergonha

mas pela minha libido acesa ao pensá-la nua

o seu triângulo liso ou peludo que minha língua

desvendaria sem pejo e a despeito de peias morais



a maja vestida se desnuda logo ao meu anseio

e torna-se ventre em que se saciam esperanças

ao meu prazer entregue como qualquer mulher

puta ou virgem

casada ou solteira

amiga ou namorada

amantes todas de todas as horas de libidinagem

fogo que se apaga apenas em desertos lúgubres

das interdições dos ventos e dos espinhos

sou o macho que não se enquadra em seus sonhos

sou o íncubo de seus pesadelos

quando sucumbem todas as mulheres ao chamado

da lua cheia

sou o vampiro a queimar seu pelo e a furar seus olhos

nas noites frias de espanto e desespero





escutem o troar das cachoeiras e afoguem seu pranto

que as flechas de veneno enfim acharam seu alvo

pintem de negro as portas de seus quartos

aquartelem seus machos em tumbas perdidas

joguem fora as chaves de seus tesouros recolhidos

e espalhem cinzas ao redor de gatos arrepiados

inúteis os sortilégios quando soa a hora maldita

entreguem-se aos apelos da carne lanceada

deixem que os sucos de seus corpos se espalhem

pelas estradas cheias de perigos enquanto a lua

descamba para o leito vazio de esperas inúteis

saberei

eu o vampiro dos seus temores recônditos

eu o íncubo de seus desejos mais profundos

incitar o vento através das pétalas de suas carnes

e preencher o vazio do seu encantamento

a libido enfim satisfeita fará do seu estremecimento

o encanto de vida e paz que você nunca encontrará



um seio cortado a navalha

um riso sem motivo no meio da madrugada

um escárnio no gozo provocado por mãos inábeis

e hugh hefner visita o paraíso no meio do inferno

entre coelhos e couves de bruxelas

e eu continuo a fazer amor com você

meu intransponível amor de tardes emolduradas

por gozos e risos e encovadas recriações de sexo

até que meu gozo seque e meus colhões adoeçam



imagens ainda povoam o tempo de minha expectativa

a negra que um dia me abriu seu quarto-e-sala e as pernas

enquanto o marido gozava o ronco de algum motor

o gozo assustado e o prazer redobrado

a garota que aparecia e desaparecia de minha vida

como sombra ao sol de manhãs e de tardes quentes

amei-a um dia e não sei por quantos meses

uma japonesa que disse querer mais e ficou na vontade

a loirinha que pensei haver deflorado

e que também amei e ela desapareceu

são tantas que nem vale a pena lembrar uma a uma

sei apenas que meu gozo não vem se não me concentro

em sua bunda a encostar-se em meu pau

nas safadezas de nossas tardes de taras incontidas

de beijos longos e tremores de terremotos curtos

desesperança apenas o teu nome me surge

o quanto dura o desejo de libidinagens

povoa-se a mente a minha mente de seus sorrisos safados

escuto os movimentos das profundezas da terra

e sei que você está presente em leitos que desconheço

paixão em líquidos e estranhos jasmins de jardins etéreos

mexem-se nos túmulos todos os lúbricos da terra

aguardam o sepultamento do último sátiro

sou eu a pensar de novo em lábios que se abrem

ao toque de minha boca o seu gozo tremido

enfim eu sou o que escorre de mim e quando morro

morro no instante de prazer do nosso gozo


29.9.2017





Nenhum comentário:

Postar um comentário