22 de ago. de 2018

para hannah arendt








penso

logo interfiro



teu palindrômico nome

cai na minha mente

como cai a neve

nos cabelos brancos do carrasco nazista



fiz o que me ordenaram

é seu vômito de sangue



já eu sou apenas a pena que escreve

um mero cavalo

sem história e sem metafísica



ah annah ah

annah

anna

h

tu me entendes

a mim que cavo fundo

no teu paroxismo histórico

entendes-me hannah

quando dizes de ti mesma

sou eu e tu e tudo e todos

sou eu a tempestade do século XX

que destrói as torres do século XXI



és apenas em mim

um palindrômico nome a subverter meu pensamento

a trazer para mim o meu ir e vir

de um passado negro para a tua luz de sempre

há anna há poesia aqui e acolá no teu passo

ah hannah

tu és o demônio do futuro

bem-vindos os teus mistérios e tuas línguas de fogo



31.7.2018





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