sombrios os dias quando se estende
sobre a terra o manto cruel do fascismo
e os poetas precisam escrever metáforas
horríveis como sombrios dias para expressar
todo o seu desalento ao estalo do rebenque
a torcer as costas curvadas a cada gota
de sangue que escorre pelas sarjetas imundas
misturando-se à água ainda mais suja das
fossas do purgatório de pauis e palafitas
sombrios os dias e sombrias as noites
de gelo em cada peito e fogo em cada olhar
do carrasco escondido em cada esquina
protegido o látego pela balança da justiça
o corrompido braço estendido sobre o mar
de escolhos e de ossos quebrados à luz do sol
à luz da lua e ao vento inexorável da história
tão sombria a derrota quanto sombria a vitória
20.11.2019
(Ilustração: Francisco de Goya)
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