13 de mar. de 2020

escudeiro




sigo os rastros dos meus passos pelos becos

de paralelepípedos empedrados pelo tempo

na cidade onde um dia me desencaminhei

e me perdi para sempre dos meus sonhos



não há remissão para os poucos instantes

em que vivi ventos de ventura nas páginas

da história de um velho cavaleiro medieval

que luta lutas letais contra moinhos de vento



fui escudeiro preso à pedra e fui o mágico

a puxar o cordão da lua para iluminar um pouco

as páginas do caderno onde tentava escrever

novos desejos e anseios desse cavaleiro louco 





25.12.2019



(Ilustração: Catherine Chauloux - le chevalier du ciel)


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