pelas noites frias
em boates quentes
as gatas pardas em vestidos de seda
longos decotes
sulcos profundos
ronronam frases de sedução
sentadas em bancos altos de balcões espelhados
uma das mãos de unhas longas
acaricia sobre as calças caras os paus quase duros
de clientes ricos e carteiras recheadas
leva aos lábios a outra mão
os copos longos de chá-mate
com rodelas de limão e muito gelo
cobrado do otário como uísque importado
são gatas de cheiro doce e voz envolvente
de pernas longas e bocetas de ouro
pelo macio para gozos fáceis
lábios vermelhos para boquetes rápidos
bundas redondas para mãos ansiosas
ventres lisos para gozos profundos
solidárias felinas na arte do cio falso e dos amores lunares
escorregadias fêmeas a qualquer domínio
sabem o que querem e nunca querem aquilo que sabem
guardam dólares nas botas longas
deixam para trás calcinhas de lembrança
esgueiram-se depois pelas ruas escuras
ou telhados vazados
para dormirem em qualquer canto
lambido o pelo
recolhidas as unhas
desbotadas as bocas
gatas pardas das noites frias em boates quentes
felinas múltiplas de cores várias
lambendo a prole em dias claros
vivendo à toa pelos becos sujos
suas vidas tortas de gatas caseiras
18.2.2020
(Ilustração: Alfedo López - en toute conscience)
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