não matei os cães vadios
que uivavam dentro de mim
não pisei a garganta da serpente
que crescia dentro de mim
se sofri ou se chorei por ti
que importa – se o choro é livre
e o ponto de encontro nunca foi
o nosso momento de prazer
não desci aos subterrâneos dos teus mares
para buscar a pérola do teu olho
não parti pelos caminhos da terra
em busca de encantos que estão em ti
desce dos teus castelos e resgata
o que ainda existe de escolhos em mim
não esperes de meus beijos loucos
o que eu nunca te prometi
deixa que em teu peito o renascer em rosas
seja o desejo que um dia tu me prometeste
não matei os cães vadios
que uivavam para a lua dentro de ti
sou apenas o teu soldado raso a cumprir
a promessa de que um dia não vou trair
o teu paradigma que um dia eu perdi
27.12.2019
(Ilustração: Marie Laurencin)
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