folga a imaginação a correr pela rua
longa a noite em que está morta a lua
e os gemidos de angústia e saudade tua
deixam às sombras um tom que flutua
em busca da nota perfeita que se insinua
em beijos e carícias de passados remotos
sei e sabes também que o tempo passa
em ondas que às vezes parecem maremotos
sem rastro que nos permitam avaliar a desgraça
de jamais dar folga à imaginação do desejo
sempre o perigo de morrer por um ensejo
como o de escrever um poema quebrado e revolto
que termine num verso completamente solto
a decretar um tempo que nunca haverá
26.4.2020
(Ilustração: Alejandra Pizarnik - dibujo1)
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