28 de mai. de 2020

poema revolto



folga a imaginação a correr pela rua

longa a noite em que está morta a lua

e os gemidos de angústia e saudade tua

deixam às sombras um tom que flutua

em busca da nota perfeita que se insinua

em beijos e carícias de passados remotos

sei e sabes também que o tempo passa

em ondas que às vezes parecem maremotos

sem rastro que nos permitam avaliar a desgraça

de jamais dar folga à imaginação do desejo

sempre o perigo de morrer por um ensejo

como o de escrever um poema quebrado e revolto

que termine num verso completamente solto

a decretar um tempo que nunca haverá



26.4.2020




(Ilustração: Alejandra Pizarnik - dibujo1)

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