10 de ago. de 2020

beira de história

 



a folha em branco do guardanapo

vira teclas do piano de satie

na folha em branco da memória

reconto um conto que vivi

bem na beira da minha história

onde cantam sonatas de lua escura

os desencantos de brancas noites

que a memória não depura

um barulho estranho na escada torta

o som suave de passos se esvai

a lembrança se esfumou ao bater da porta

e os passos – que se despedem – de meu pai 





9.6.2020 

(Ilustração: Érika Cardoso - óculos escuros)

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