tenho arroubos de fernando pessoa
e às vezes tento ser o poeta lusitano
tenho arroubos de simplicidade
e escrevo falsos versos como manoel de barros
tenho arroubos de nostalgia
e copio a poesia de álvares de azevedo
tenho às vezes arroubos de morte
e desafio a sorte como augusto dos anjos
sou às vezes nordestino do recife
cantando à moda de manuel bandeira
sou também muito mineiro como drummond
carioca como vinícius de moraes
parnasiano – gongórico – clássico e neoclássico
e até moderno e concretista e mesmo pós moderno
(se é que tudo isso tenha algum significado)
viajo em metáforas e rimas tantas pelas asas da imaginação
e povoo-me de versos tantos e tantos poetas
que às vezes nem sei bem se nesses meus arroubos
sou eu que faço uma poesia qualquer
ou se – como um palhaço ladrão de mulher -
apenas pratico por aí muitos e muitos poéticos roubos
16.6.2020
(Edouard Manet - portrait of Mallarmé)
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