8 de nov. de 2020

minhas asas

 




quando tuas pernas se entrelaçaram

nas minhas costas

e eu estava inteiro dentro de ti

prisioneiro remido dos teus desejos

e teus braços também entrelaçados

apertavam-me ainda mais

para o poço profundo dessa prisão

foi ali – querida – naquele calabouço

de peles e pelos

de concavidades e convexidades

quando não mais podia me debater

e só podia seguir o ritmo do teu ventre

com o peito a pular como se envolto em brasas

foi nesse momento – meu amor angustiado –

que compreendi que era livre e ganhei minhas asas



1.7.2020

(Ilustração: Roberto Ferri)



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