quando tuas pernas se entrelaçaram
nas minhas costas
e eu estava inteiro dentro de ti
prisioneiro remido dos teus desejos
e teus braços também entrelaçados
apertavam-me ainda mais
para o poço profundo dessa prisão
foi ali – querida – naquele calabouço
de peles e pelos
de concavidades e convexidades
quando não mais podia me debater
e só podia seguir o ritmo do teu ventre
com o peito a pular como se envolto em brasas
foi nesse momento – meu amor angustiado –
que compreendi que era livre e ganhei minhas asas
1.7.2020
(Ilustração: Roberto Ferri)
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