despe-te silenciosamente
deixa que as chamas de teus seios
inflamem olhos alheios
despe-te sem resistências nem relutâncias
deixa que teu ventre se abra
aos beijos notívagos
despe-te sem quaisquer receios
e deixa que te comam assim
ninfa ou deusa dos mares nascida
cansada hetaira de noites insones
ou apenas santa exposta aos sacrifícios
da comunhão de bênçãos e silícios
abre do teu corpo todas as fronteiras
deságua dos teus olhos todas as complacências
entrega teus desejos aos que te desejam
sê puta na cama redonda sob luzes roxas
sê santa arrependida nos orgasmos de beijos gregos
sê tu mesma em todos os espasmos
que os mares revoltos de teus olhos provoquem
silencia o pio da coruja no bailado dos teus passos
e vem pela noite em asas de cetim
para morrer em meus braços e renascer
deusa eterna a despir-se só para mim
no silêncio das estrelas dos meus olhos
8.7.2020
(Ilustração: Armand Rassenfosse (1862-1934),
Illustration pour La Femme et le Pantin de Pierre Louÿs - 1898)
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