uma noite calma de inverno
penada a alma ao açoite do vento
vaga assombrada por alamedas
de cheiros e perfumes incandescentes
e o lento e compassado passo
de cavalos atrelados a coches fantasmas
em meio a miasmas de pântanos podres
marca a batida apressada do meu peito
no silêncio pesado de meus pesadelos
numa noite calma de inverno
o vento atropela meu sentimento de abandono
perdido o sono ao lento passo de abantesmas
sorriem em mim os lábios da morta
que agora agarra minhas pupilas
sou seu senhor e seu escravizado cavalo
atrelado a seu destino e a seu lento passo
destroçado o sono e ao sonho arrebatado
pelo doce e terno abraço
da alma penada que me deseja sorte
e sorri o sorriso da minha morte
27.7.2020
(Ilustração: Francisco de Goya)
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