do fundo da noite o tropel
do meu coração disparado
bate nos ossos como um corcel
que teve seu cavaleiro baleado
e corre como louco à luz da lua
tropeçando em raízes e afundando nos alagados
os olhos de medo arregalados
para pisotear a carne nua
no fundo da noite despojada
entregue à sanha de hienas famintas
como se fosse o legado do desespero
o rosto em fogo coberto das tintas
do degredo e do concerto sem tempero
ao som do violoncelo desencantado
dos sons do profundo estertor da noite
da mente de villa lobos desentranhado
para o gozo que a carne aceita como açoite
6.2.2021
(Ilustração: Lyonel Feininger - ruin by the sea, 1930)
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