6 de nov. de 2022

lágrimas

 



meus olhos – lagos parados no tempo –

guardam lágrimas tantas

lágrimas que não mais tento

derramar pelas gargantas

de meus desesperos

lagos quase sem água

– água sem gosto e sem temperos –

que jorram apenas a mágoa

de estar sempre a viver

com o pouco chorar

embora com o muito sofrer

e o muito amar



25.9.2022

(Ilustração: Odilon Redon - tears - 1878)

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