afrontemos os poderosos
enfrentemos os governos que servem aos poderosos
chutemos a bunda dos generais e arranquemos as fardas dos recrutas
libertemos os presos políticos
e os presos que ousaram erguer sua voz contra as injustiças
embarquemos no grito de liberdade
de todos os negros escravizados
de todos os índios massacrados
de todas as mulheres assassinadas
de todos os jovens imolados
de todas as crianças esfomeadas
embarquemos no grito de angústia
da terra queimada
dos oceanos emporcalhados
dos rios em esgoto transformados
das florestas derrubadas
das montanhas exploradas
que seja o mundo um lugar melhor
quando todos os ratos voltarem para o esgoto
e os governos fascistas se afogarem no próprio sangue
e os falsos profetas descerem cada um ao seu próprio inferno
e antes que reclamem que sou radical
que estou disseminando o ódio entre as pessoas
reclamo para mim o direito
de despejar no oceano de ódio que todos eles disseminaram
em tantos séculos de dominação
uma gota
apenas uma gota
uma mísera gota de ódio num mísero poema
a todos os autoritários do mundo
a todos os fascistas do mundo
a todos os controladores da vida e da mente das pessoas
a todos os destruidores do futuro
a todos os exploradores de nossas misérias
ainda que essa simples gota de ódio
possa ser apenas mísera gota de ácido que fure um furo mínimo
na bolha de cristal onde se enrustem todos os canalhas
13.1.2022
(Ilustração: Antonio Balestra, Justice and Peace Embracing, ca. 1700)
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