antes que a inércia me pique
quero dançar um tambor de crioula
numa floresta em Moçambique
mascando um chiclete de papoula
descansar mas não para sempre
nas dunas de uma praia sem fim
deixar-me aquecer numa trempe
de fogão a lenha a queimar marfim
que seja a vida um mar de sargaços
e meu navio encalhe numa imensa rede
esteja eu então pronto para os espaços
que se abrirem ao derrubar a parede
que a solidão armou para mim
19.11.2022
(Ilustração: escultura de Francesco Queirolo - desilução ou liberação da decepção)
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