não tremula a bandeira ao vento
tremula nos olhos de uma criança
traça na retina uma esperança
que tinge de verde o céu cinzento
afoga-se em sangue todo um povo
rasteja na terra onde não brota
nem urze nem cedro novo
apenas a marca do invasor - a bota
canto assim em versos que me vêm à mente
sinas de um povo que o mundo esqueceu
canto assim em versos pobres
a riqueza de um povo de que o mundo só se lembra
quando bombas riscam o céu como cometas
para espantar o sonho de uma terra
que era deles e devia ser deles
mas que deram a outros e esses outros
não têm por eles
senão a sede de destruir e matar
tremula nuns olhos tristes a bandeira
não tem mastro – apenas a retina
talvez de um menino talvez de uma menina
mas é só de uma criança a esperança
filho ou filha de um não-cidadão
filho ou filha de uma não-cidadã
da não-pátria palestina