18 de jun. de 2024

foda-se o mundo

 





escrevo poemas

nem sempre poesia



e não faço isso todo dia

há tempos de seca na colheita

como há tempos de fartura na lua cheia



muitas vezes até mesmo penso

que secou dentro de mim a fonte da inspiração

e vivo um momento de espera um momento tenso

ouvindo apenas as batidas do meu coração



quando estou no tempo de penúria

também esse tempo aproveito

para encher minha mente da luxúria

de poemas de outros poetas que deixei no eito

a secar ao sol para pisar depois como o cacau

e deles tiro novos sucos e novos sabores

de tal modo que para o alto um novo degrau

na escada da poesia eu subo para olhar o mundo

e perceber como estava correta

a velha frase que nem sei bem se de algum poeta



- foda-se o mundo que eu não me chamo Raimundo





20.5.2024

(Ilustração: Alfedo López - au fond du coeur)









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