escrevo poemas
nem sempre poesia
e não faço isso todo dia
há tempos de seca na colheita
como há tempos de fartura na lua cheia
muitas vezes até mesmo penso
que secou dentro de mim a fonte da inspiração
e vivo um momento de espera um momento tenso
ouvindo apenas as batidas do meu coração
quando estou no tempo de penúria
também esse tempo aproveito
para encher minha mente da luxúria
de poemas de outros poetas que deixei no eito
a secar ao sol para pisar depois como o cacau
e deles tiro novos sucos e novos sabores
de tal modo que para o alto um novo degrau
na escada da poesia eu subo para olhar o mundo
e perceber como estava correta
a velha frase que nem sei bem se de algum poeta
- foda-se o mundo que eu não me chamo Raimundo
20.5.2024
(Ilustração: Alfedo López - au fond du coeur)
Nenhum comentário:
Postar um comentário